Morte da Sra. HomeLemos no Nord, de 15 de julho de 1862:
“O famoso Sr. Dunglas Home passou por Paris nestes dias. Pouca gente o viu. Ele acaba de perder sua esposa, irmã da Condessa Kouchelew-Bezborodko. Por mais cruel que fosse, disse ele que essa perda lhe é menos sensível do que para outro homem, não porque a amasse menos, mas porque a morte não o separa daquela que aqui tinha o seu nome na Terra. Eles se veem e conversam tão à vontade como quando habitavam juntos o mesmo planeta.
“O Sr. Home é católico romano, e sua esposa, antes de soltar o último alento, querendo unir-se ao marido numa última comunhão espiritual, abjurou a religião grega em presença do bispo de Périgueux. Isso se passou no Castelo de Laroche, residência do Conde Kouchelew.”
O folhetim ─ pois é num folhetim, ao lado do Pré-Catalan, que se encontra essa nota ─ é assinado Nemo, um dos críticos que não poupou zombarias aos espíritas e às suas pretensões de conversar com os mortos. Senhor, não é engraçado acreditar que aqueles a quem amamos não estejam perdidos para sempre e que os veremos? Não é mesmo ridículo e muito tolo e supersticioso acreditar que estejam ao nosso lado, que nos vejam e nos escutem, se não os vemos, e que possam comunicar-se conosco? O Sr. Home e sua esposa se veem e conversam tão à vontade como se estivessem juntos. Que absurdo! E dizer que em pleno século dezenove, o século das luzes, haja criaturas tão crédulas que acreditem em semelhantes tolices, dignas dos contos de Perrault!
Perguntem a razão disso ao Sr. Trousseau. O nada, falai-me disso! Isso é que é lógico! A gente tem mais liberdade de fazer na vida aquilo que se quer. Ao menos não se teme o futuro. Sim, mas onde a compensação para o infeliz? ─ Nemo, singular pseudônimo para a circunstância!