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Meus filhos, o nosso mundo material e o mundo espiritual, que bem poucos
 ainda conhecem, formam como que os dois pratos da balança perpétua. Até
 aqui, as nossas religiões, as nossas leis, os nossos costumes e as 
nossas paixões têm feito de tal modo descer o prato do mal e subir o do 
bem, que se há visto o mal reinar soberanamente na Terra. Desde séculos,
 é sempre a mesma a queixa que se desprende da boca do homem e a 
conclusão fatal é a injustiça de Deus. Alguns há mesmo que vão até à 
negação da existência de Deus. Vedes tudo aqui e nada lá; vedes o 
supérfluo que choca a necessidade, o ouro que brilha junto da lama; 
todos os mais chocantes contrastes que vos deveriam provar a vossa dupla
 natureza. Donde vem isto? De quem a falta? Eis o que é preciso 
pesquisar com tranquilidade e com imparcialidade. Quando sinceramente se
 deseja achar um bom remédio, acha-se. Pois bem! malgrado a essa 
dominação do mal sobre o bem, por culpa vossa, por que não vedes o resto
 ir direito pela linha traçada por Deus? Vedes as estações se 
desarranjarem? os calores e os frios se chocarem inconsideradamente? a 
luz do Sol esquecer-se de iluminar a Terra? a terra esquecer em seu seio
 as sementes que o homem aí depositou? Vedes a cessação dos mil milagres
 perpétuos que se produzem sob nossos olhos, desde o nascimento do 
arbusto até o nascimento da criança, o homem futuro? Mas, tudo vai bem 
do lado de Deus, tudo vai mal do lado do homem. Qual o remédio para 
isto? É muito simples: aproximarem-se de Deus, amarem-se, unirem-se, 
entenderem-se e seguirem tranquilamente a estrada cujos marcos se veem 
com os olhos da fé e da consciência.
	
Vicente de Paulo.
Nota.
 Esta comunicação foi obtida no mesmo círculo; mas, quanto difere da 
precedente, não só pelas ideias, como também pelo estilo! Tudo aí é 
justo, profundo, sensato e certamente São Vicente de Paulo não a 
desdenharia, pelo que se lhe pode atribuí-la sem receio.