A Gazette de Mons publica o seguinte:
“Um indivíduo acometido de monomania religiosa, internado há sete anos
no estabelecimento do Sr. Stuart e que até aqui se havia mostrado muito
manso, conseguiu enganar a vigilância dos guardas e apoderar-se de uma
faca. Como não conseguiram que devolvesse a arma, os guardas comunicaram
ao diretor o que se passava.
“O Sr. Stuart imediatamente
acercou-se do furioso e, fiado apenas em sua coragem, quis desarmá-lo.
Mas apenas tinha avançado alguns passos ao encontro do louco, quando
esse precipitou-se com a rapidez do raio e o feriu com golpes repetidos.
Foi com muita dificuldade que conseguiram dominar o assassino.
“Das sete facadas com que o Sr. Stuart foi atingido, uma era mortal: a
que o atingiu no baixo-ventre. Segunda-feira, às três horas e meia, ele
sucumbiu em consequência de uma hemorragia nessa cavidade.”
O
que não teriam dito se aquele indivíduo tivesse sido atingido por uma
monomania espírita, ou se, em sua loucura, tivesse falado de Espíritos?
Entretanto, isto seria possível, considerando-se que há muitas
monomanias religiosas e que todas as ciências forneceram seu
contingente. O que se poderia racionalmente concluir contra o
Espiritismo senão que, em consequência da fragilidade de sua
organização, o homem pode exaltar-se, tanto neste ponto como em outros? O
meio de prevenir essa exaltação não é combater a ideia, do contrário
correríamos o risco de ver renovados os prodígios das Cévennes. Se
jamais se organizasse uma cruzada contra o Espiritismo, vê-lo-íamos
propagar-se admiravelmente. Como opor-se a um fenômeno que não tem tempo
nem lugar prediletos; que pode produzir-se em toda parte, em todas as
famílias, na intimidade, no mais absoluto segredo, ainda melhor do que
em público? O meio de prevenir os inconvenientes nós o demos em nossa Instrução Prática: Torná-lo de tal modo compreendido que nele apenas se veja um fenômeno natural, mesmo no que apresenta de mais extraordinário.