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Ele tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que
revestia o Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o
perispírito, separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa
maneira, por este e lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja
assim. Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção
feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem
que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os
globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa é igualmente a forma
de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a com
que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros.
Devemos concluir de tudo isto que a forma humana é a forma tipo de todos
os seres humanos, seja qual for o grau de evolução em que se achem. Mas a
matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da
matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir, flexível e
expansível, donde resulta que a forma que toma, conquanto decalcada na
do corpo, não é absoluta, amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode
dar a aparência que entenda, ao passo que o invólucro sólido lhe oferece
invencível resistência.
Livre desse obstáculo que o comprimia, o
perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa
palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele
atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório fluídico, é que o
Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a
aparência exata que tinha quando vivo, até mesmo com os acidentes
corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem.
Os
Espíritos, portanto, são, como se vê, seres semelhantes a nós,
constituindo, ao nosso derredor, toda uma população, invisível no estado
normal. Dizemos — no estado normal, porque, conforme veremos, essa
invisibilidade nada tem de absoluta.