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Pode considerar-se o sonambulismo uma variedade da faculdade mediúnica,
ou, melhor, são duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham
reunidos. O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; é
sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos
limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas ideias
são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos
mais dilatados, porque tem livre a alma. Numa palavra, ele vive
antecipadamente a vida dos Espíritos. O médium, ao contrário, é
instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem
de si. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto
que o médium exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com
um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo; dá-se mesmo que,
muitas vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação.
Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com
tanta precisão, como os médiuns videntes. Podem confabular com eles e
transmitir-nos seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus
conhecimentos pessoais, lhes é com frequência sugerido por outros
Espíritos. Aqui está um exemplo notável, em que a dupla ação do Espírito
do sonâmbulo e de outro Espírito se revela e de modo inequívoco.