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    Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862 > Fevereiro > O vento - Fábula espírita
        O vento - Fábula espírita
    
Quanto maior a repercussão da crítica, maior bem ela fará, chamando a atenção dos indiferentes.  (ALLAN KARDEC)
    
O furacão queria, sozinho, dominar a planície, 
No impulso impetuoso 
Torturava com seu hálito quente 
Um olmo secular, tronco enorme e nodoso. 
De seus ramos fecundos ─ dizia ele ─ a semente 
Podia juncar a terra, germinar e crescer;
Prevemos uma luta e olhemos o futuro 
Repleto de obstáculos ao meu grande poder.
E os pequenos penachos verdes,
Desfolhando-se aos golpes da tormenta,
Perdem-se no ar, em turbilhões ligeiros. 
Contudo as sementes escapam 
Ao sopro que se esforça em varrer o seu voo. 
A despeito de tudo, elas se fixam ao solo. 
Contra as leis do amor e do saber austero 
Que espalha o Espiritismo ─ a árvore da verdade,
O vento da incredulidade 
Sopra, ulula e fere sem cessar. 
Faz nascer e crescer o que pensa oprimir: 
Quer liberar o germe... e o ajuda a semear. 
C. DOMBRE (de Marmande)